''Por favor, alguém pode me ajudar a desembaralhar este nó?''. Foto de David Samuel Robbins.
Publicamos a seguir a primeira parte de uma apresentação da história por trás da filosofia do aceleracionismo, feita por Carlos Henrique Carvalho. O autor vem se dedicando ao estudo dos desdobramentos por trás do aceleracionismo há alguns anos e divulga esse debate tanto no ambiente acadêmico quanto no canal no YouTube Aceleracionismo Brasil, fundado por ele. Em breve publicaremos aqui no Blog-revista da GLAC a segunda parte da sua reflexão acerca do tema.
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Entrando na selva: aceleracionismo e tecnologia no século XXI
Carlos Henrique Carvalho
''A única coisa que eu imporia é a fragmentação."[1]
Nick Land
"Em uma palavra, o sistema de livre comércio acelera a revolução social. É neste sentido revolucionário apenas, senhores, que eu voto a favor do livre comércio."[2]
Karl Marx
É noite e todos vão se encontrar no interior do apartamento. A palidez do rosto do visitante brilha sob a luz baça e artificial que emana do interior do círculo: três grandes lanternas acesas, espalhando claridade sobre o círculo desenhado no chão. Alguns símbolos ocupam certas partes do círculo, uma música começa a tornar conta dos ouvidos do visitante. Ruídos e vozes, uma sinfonia esotérica de algum tipo de ritual, um encontro com a estranheza de uma liturgia feita em terreno urbano, sob luz artificial, ao som áspero e dinâmico do jungle. O visitante quer conhecer mais daquele ritual. Sente as gotas de suor deslizarem pelo rosto e uma sensação crescente de pânico crescer pelo corpo. Uma figura seca e rígida, de corpo (ou talvez sombra) masculina ocupa mais ainda o centro do ritual, entoando em línguas impronunciáveis toda a revolta da matéria, da eletricidade, dos átomos e moléculas que formam as primeiras cadeias de carbono das células, da energia e das coisas em si.
Preocupante, perigoso, assustador ou até sexy, o aceleracionismo se tornou uma arena de discussão teórica mais que presente, mas até crucial para o nosso instante contemporâneo. O percurso dos seus desdobramentos explícitos é longo: dos debates das esferas civis, das democracias liberais e os limites da liberdade digital, ao radicalismo de extrema direita e movimentos neorreacionários. Da economia das criptomoedas e dos modos de governança de hiper-produtividade (Taiwan, Hong Kong, Coreia do Sul, Singapura), aos limites discursivos e teóricos da eterna disputa entre economias planejadas e mercados desregulados. Das modificações e transformações das condições do entendimento do que é o humano e suas artificialidades - até as interações com máquinas, espaços de realidade virtual, novas ondas culturais do séc. XXI e fluxos transnacionais como o afrofuturismo ou o sinofuturismo.
Sob as ruínas dos modos de habitação, da economia neoliberal e as crises financeiras perpetuadas desde 2008, o aceleracionismo naturalmente ocupou o lugar histórico de heresia tão profundamente até chegar ao ponto de atrair maior capilaridade e impacto nas esferas da internet e nos fóruns de redes sociais, talvez bem mais do que pela própria academia ou arena de discussões "institucionais" da esfera civil. Esta também não é a promessa deste texto. Não se busca reverter uma leitura ou "limpar" a imagem da coisa, mas apresentar um panorama bastante resumido dos motivos que nos levam a enxergar as discussões filosóficas emergentes daquele período teórico e do que está por trás desse movimento como fenômenos bastante presentes.
Ir além de tecer uma experimentação introdutória sobre a gênese, rotas e impactos do pensamento aceleracionista, esta apresentação busca talvez uma tarefa um tanto execrável e até de certa maneira difícil: dar justiça ao que os próprios autores, consciências e entidades dessa estranha Unidade de Pesquisa em Cultura Cibernética (CCRU) buscaram pensar e articular acerca de uma emergente cultura digital e das transformações a nível global que a aceleração do capitalismo e a dinamização da globalização produziram no final do século XX. A tentativa é que se possa, quem sabe, influenciar uma nova rearticulação dessas discussões nas suas mais variadas esferas: dos limites acadêmicos e na institucionalidade das escolas e faculdades, ao próprio movimento orgânico da política, dos movimentos sociais e dos limites organizativos que hoje ainda estamos a nos preocupar. Essa justiça aos espectros do aceleracionismo e da CCRU acontece especialmente pela forma que o tema foi introduzido no país. Ou quem sabe não introduzido, afinal não houve uma formulação muito sofisticada e explicitamente "introdutória" dos temas e autores por trás daquele instante filosófico publicada oficialmente. Sadie Plant era uma das autoras que contava com uma publicação traduzida[3], enquanto Mark Fisher foi apenas recentemente por editoras também interessadas por seu aspecto político e sua trajetória como crítico cultural[4]. No geral, sequer uma das obras do cânone "clássico" do aceleracionismo, Economia Libidinal (1974), se encontra traduzida. Em 2020, Damares Bastos publicaria um dos primeiros trabalhos de pós-graduação em todo o Brasil que fosse focado inteiramente nas paisagens por trás do aceleracionismo, para título de mestra, o texto "Os domínios de tarmelão: os efeitos dos presságios aceleracionistas de Marx" é um dos mais completos trabalhos na filosofia brasileira sobre o tema e uma das inspirações incontornáveis desta apresentação.
Ao mesmo tempo, com a explosão da cultura dos blogs e uma história que a própria CCRU teve imersivo contato, a possibilidade destes estranhos nomes de Warwick tomarem um tipo de rota digital singular acabou acontecendo. E acabaram virando nomes disseminados entre as comunidades de estudantes de graduação, de pesquisadores e entusiastas em filosofia ou apenas jovens interessados em política no geral. Este último grupo abarcando segmentos que despertam temores mais avultosos, sendo especialmente concentrados nos fóruns 4chan ou Reddit. O fato é que nessas duas últimas décadas, impulsionado especialmente pela aceleração dinâmica das redes, não só Fisher, mas Plant, Reza Negarestani, a CCRU no geral – de maneira maior impactante um dos mentores da unidade, o professor Nick Land – se tornaram nomes razoavelmente conhecidos por entusiastas digitais dessas discussões. Sou um admirador da maneira que um texto um pouco etnográfico pode contar uma história e até posso demonstrar algum tipo de fascínio dessa possibilidade de observação das interações da própria rede entre produção teórica e os próprios processos e contextos que estas figuras estavam inseridas, mas há algo de muito sedutor em toda essa narrativa e que talvez explique meu próprio fascínio sobre essa estranha história: a própria teoria da CCRU parece ter se atualizado a partir dessa popularização. Intencional ou não, a esotérica unidade e suas estranhas discussões chegaram no século XXI como resultado do mesmo processo que os mesmos se entrelaçaram intimamente naquele início de década e desfecho de século. Aquele instante de emergência de uma cibercultura, da influência impactante da Trilogia Sprawl de William Gibson e seu cyberpunk e as subculturas de música eletrônica urbana na cena britânica, especialmente techno e jungle. Talvez o que denuncia ou seus potenciais emancipatórios da própria capacidade de previsão acerca dos processos, ou quiçá realizou um movimento mais charmoso e que combina com uma das ferramentas concebidas pelo grupo e por esses autores: uma hiperstição. Uma criação de certo real. A ficção que se concretizou.
Notas
[1] Entrevista "Toe only Thing i wold impose is fragmentation" por Marko Bauer e Andrej Tomazin, 2017.
[2]"Sobre a questão do Livre Comércio''. 1848.
[3] "Mulher Digital: O feminismo e as novas tecnologias''. Editora Rosa dos Tempos, 1999.
[4] Publicados "Fantasmas da minha vida" (2022) e "Realismo Capitalista'' (2020) pela editora Autonomia Literária.
Cowboys do ciberespaço
"Mito ou não, as esculturas contavam a chegada daquelas coisas com cabeça de estrela à terra jovem e sem vida, vindas do espaço cósmico – sua vinda, e a vinda de muitas outras entidades alienígenas que em certas épocas empreendem explorações espaciais."
Nas Montanhas da Loucura
H.P Lovecraft
Simon Reynolds em 1997 dizia que a CCRU era o fenômeno acadêmico equivalente ao General Kurtz, do filme Apocalypse Now. Inspirado no romance de Joseph Conrad, curiosamente também é uma obra bastante recorrente nos textos da CCRU e do próprio Nick Land. Reynolds comenta que assim como o general, a Unidade cometeu atos e métodos não-ortodoxos para assegurar resultados melhores que a tradição militar. A CCRU naturalmente realizaria aquilo que nos termos da filosofia de Gilles Deleuze e Félix Guattari seria a desterritorialização - e em todos os sentidos - na teoria misturando-se a ficção, a uma filosofia repleta de influências das chamadas ciências naturais (bacteriologia, neurologia, termodinâmicas, caos e teoria da complexidade, etc.)[1] e o cyberpunk e uma escrita que tivesse a capacidade de mescla com a própria produção de futuros e realidades. A entrevista de Reynolds é bastante elucidativa sobre a história deste grupo e parece ser o ponto de partida óbvio. A CCRU foi um grupo criado pela teórica Sadie Plant, que se torna professora na universidade de Warwick no início da década de 1990. Inicialmente o grupo foi conduzido por Plant, mas também durante alguns anos pelo professor Nick Land. Curiosamente citado como "ex-namorado", Land se tornaria uma figura um tanto esotérica no seu tempo de condução do grupo.
Cyberpositive é um pedaço dessa proximidade entre Land e Plant. Apresentado durante um simpósio em 1992, onde a ideia se articulava claramente em torno de uma crítica contra a esquerda ortodoxa dominante na academia britânica. O texto funciona como certa releitura das ideias de Norbert Weiner e as capacidades de desordem e desestabilização das tendências dos mercados. Além de Gilles Deleuze e Félix Guattari e a obra Capitalismo e Esquizofrenia (formada por o Anti-Édipo e Mil Platôs), outra influência foi a de Manuel de Landa e a ideia de "capitalismo como anti-mercados". As concepções de horizontes auto-organizativos, populares e as atividades horizontais são bastante sedutoras para Plant e Land, que visualizam essas zonas de fronteira do capitalismo, os mercados de rua, as chamadas "meshwork" - nos termos de De Landa - como essa tendência que funciona de maneira oposta à maneira do capitalismo que atua de forma hierárquica e corporativa. Reynolds os cita como um "hino niilista à cyberpatologia dos mercados" enquanto se declara o capitalismo como um contágio viral. O anti-humanismo, ou pelo menos uma reflexão mais radical acerca esse status e as condições de realização de sua estrutura subjetiva rondam todos os percursos do trabalho da unidade, sempre priorizando o algo do fora, que não está situado nos limites, mas talvez tudo aquilo que possa ser incorporado como outsider, seja na ascensão do status da autoria individual ou na capacidade dos textos teóricos se mesclarem com a ficção. A numerologia e esoterismos variados também não fogem desse não-lugar onde a CCRU buscou acessar todos os percursos que representariam uma experimentação mais vívida com as camadas mais desterritorializadas desses limites da visão antropocêntrica.
A entrevista de Maya B Kronic[2] é uma pista charmosa para se pensar sobre como eram as condições de existência desse grupo. Que de cara aparenta soar como uma união entre todas aquelas certas figuras que pensavam em contramão com a ortodoxia e das leituras tradicionais. Kronic era uma das estudantes e relata um pouco desse momento de efervescência cultural e transformações constantes. Também comenta que quando chega em Warwick em 1993, apenas no segundo ano de formação que conheceria Land e as pessoas ao seu redor. Sua participação bastante próxima aos estudantes e a impressão de que não apenas fazia seu trabalho e ia para casa, mas vivia de certa maneira esse "fazer filosofia" fez Kronic o encarar como essa figura diferente dos demais professores e do próprio ambiente acadêmico tradicional.
Seu livro Toe Thirst of Anihilation (1992) foi um impacto e teria dado algumas pistas das respostas que tanto Kronic como as outras "pessoas como eu que possivelmente estavam de forma ligeiramente danificadas psicologicamente ou desesperadas ou enojadas com o mundo e buscando a filosofia para pensar coisas existenciais" almejavam. O instante também era movido por certo pioneirismo de Warwick por ter cursos de filosofia e literatura, mas a CCRU tomaria forma mesmo a partir do crescimento da explosão digital e de emergente cibercultura. A revista Wired é essencial nesse aspecto, sempre influenciando as empolgações com a internet que surgia, nanotecnologia, redes neurais e essa própria fase de infância das máquinas.[3]
Entre 1994 e 1997 aconteceria duas conferências "Virtual Futures" em Warwick. Organizada especialmente por pós-graduandos - Eric Cassidy, Dan O'Hara e Otto Irnken. Um crescente interesse em ciberfeminismo e espaços de diálogo entre ficção e filosofia, especulando o ciberespaço como essa dinâmica de mudança social sendo os primeiros focos da primeira conferência. O segundo evento em 1995 teria "explodido em dez vezes o tamanho" na óptica de Kronic. Com pessoas como Manuel De Landa presentes, assim como uma mistura de teses complexas unificando ideias sociológicas e políticas ousadas sobre tecnologia e a fertilização interdisciplinar característica da época. Para Kronic, Warwick já parecia "acostumada" ou até de certa maneira cientes dessa percepção que se transformava globalmente naquele instante. Especialmente por conta da proximidade com os livros de Capitalismo e Esquizofrenia e a abordagem que misturava complexidade da cibernética, economia, desejo e sua socialidade. Sadie Plant foi uma figura chave para ambos os eventos. Em 1996 foi contratada por Warwick para "fundar a CCRU"[4] e assim trouxe vários dos seus estudantes de Birmingham, como Mark Fisher, Rob Heath e Suzane Livingston.
A mistura e experimentalismo microcultural, assim como as influências dissidentes e variadas tornaram a CCRU rapidamente um certo pária dentro do próprio departamento. Land supostamente até teria um bom relacionamento com alguma parcela de filósofos mais analíticos e havia levado muitos alunos para o departamento, mas um problema começou a se desenhar quando ficou explícito que suas atividades em grupo não eram meramente acadêmicas e não correspondiam em nenhuma definição conhecida de "filosofia".
Plant, para Kronic, também sofria uma espécie de perseguição e constantemente havia essa sensação dela não ser bem-vinda, também era uma pessoa que simplesmente não ficaria por muito tempo em um lugar que não era bem aceita. A CCRU que antes existia em uma sala na universidade de Warwick desapareceu e Plant deixou a instituição. Land permaneceria por alguns anos, enquanto alguns membros da CCRU se mudariam para um apartamento em Leamington e depois para uma casa onde aparentemente Aleister Crowley viveu. Kronic deixou o grupo antes do ponto em que todos acabaram se desligando de Warwick, pois todos estavam finalizando suas pesquisas de pós-graduação. Ela também aponta que ficou até o momento de Nick deixar o grupo, seu momento mais perturbador e o tempo onde Land costumava realizar seminários em bares e demonstrar uma constante obsessão por números.
Ele distribui as folhas de papel com diagramas do teclado e as iniciais de capítulos de Mil Platôs, linhas desenhadas entre elas. "Algo genuinamente estranho está acontecendo com essa pessoa e estamos participando disso. Eu provavelmente segui o máximo que pude nessa questão da numeração intensiva porque era algo em que eu também tinha tentado trabalhar, e estava realmente conectado a toda a questão da selva de certas maneiras, mas eventualmente eu também não consegui segui-la mais adiante." comenta Kronic.
Em uma entrevista onde a própria comenta Land e esse experimento inumanista, ela sugere que o encontro de Nick com as formas de teoria que Deleuze e Guatarri pensaram, essa "numeração nômade" e as próprias ideias que ele desenvolvia acerca de moeda, tecnologia digital e as transformações da ordem do número e da inteligência o levaram para planos escuros da teoria e projeção. Esboçando talvez o que a desconstrução conseguia apenas esboçar, Land experimentaria uma excitação filosófica com potencial de desmantelamento do poder institucionalizado da linguagem e do sentido e teria tecido uma conexão confiável - uma linha talvez - com o algo desconhecido. Kronic supera tentar enquadrar nos sentidos normativos, clínicos ou sociais, mas aponta que Land apenas enlouqueceu. Também asserta a seguinte colocação:
"Ali estava um jovem professor, trabalhando em, sem dúvidas, uma das disciplinas mais sóbrias da academia, que no meio dos anos 90 energicamente abordou questões que àquele tempo eram incontestavelmente escandalosas, mas que agora são um tema central no debate: biotecnologia, Islã radical, a internet como uma droga viciante, e a ascensão da China como um poder econômico, tudo isso aparece em Fanged Noumena, em textos escritos enquanto os colegas de Land tagarelavam sobre (no melhor dos casos) poesia e pintura, Presença e a história da metafísica."
Anos depois, Land seria revisitado por parcelas de subculturas jovens em fóruns online. Fisher se desdobraria como um pensador influente na crítica de esquerda, em certas linhas autonomistas e nos desafios de reconstrução do socialismo em uma época de futuros minados e implacabilidade do pós neo-liberalismo. Plant se reclusaria em uma vida acadêmica mais reservada e sem tomar muitos holofotes ou menção a essa fase, enquanto outras figuras como Luciana Parisi, Maya B. Kronic, Iain Hamilton Grant, Ray Brassier e Anna Greenspan, como os demais citados no decorrer do texto, se tornariam autores com obras publicadas e distintos núcleos e desdobramentos desse momento. Land se mudaria para a China no início dos anos 2000, mas a história do que se sucede teoricamente como aceleracionismo apenas estaria nascendo ali. Anacronicamente e talvez cumprindo a natureza desse tempo disjuntado[5] do grupo, foi apenas anos depois que esse instante de produção inventiva e articulação de novas ideias e reflexões seria enfim nomeado pejorativamente como aceleracionismo.
Notas
[1] Uma das teorias muito influentes é a da endosimbiose, da bióloga e pesquisa Lynn Margulis. Em termos gerais, a teoria projeta que a mitocôndria – organela responsável pela produção de energia das nossas células e essencial para a própria vida humana - era uma espécie de bactéria, um ser externo, que acabou se acoplando nas primeiras formações celulares da "sopa cósmica" – o caldeirão bioquímico efervescente de início da história do humano.
[2] Disponível em: https://readthis.wtf/writing/towards-a-transcendental-deduction-of-jungle-interview part-1/
[3] Referência ao texto "O Capital transversal e a seus rebentos atrativos - ou a infâncias das máquinas" (2020) de Hilan Bensusan.
[4] É um dos poucos textos que faz menção a essa especificidade, que Plant havia isso convidada para fundar a CCRU em si.
[5] Jacques Derrida publicaria em 1993 o seu Espectros de Marx, obra que seria influente na formulação dessa tal "ciência dos espectros" - uma espectrologia, assombrologia, varia conforme as traduções do termo em inglês hauntology, também traduzindo o hantologie do francês. Esse tempo "out of joing" - desconjuntado, é citado por Derrida por intermédio do trecho de Hamlet de Shakespeare como uma interpelação da temporalidade desses fantasmas, em uma constante pendular e revisitados quando a memória é acossada por essa (não) presença.
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Carlos Henrique Carvalho é Técnico em Meio Ambiente pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás - Campus Águas Lindas (2018) Graduando em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília. Desenvolveu, durante o curso técnico, duas pesquisas de iniciação científica na modalidade PIBIC-EM, a saber: Máquinas Pensantes: imaginação ficcional e filosofia (2016-2017, como bolsista), Ecologias Futuras, Crises Presentes: uma aproximação ao Duna de Frank Herbert (2017-2018, como voluntário), ambas explorando a relação entre Filosofia e Ficção Científica. Na graduação, desenvolve a pesquisa de iniciação científica "A NEO-CHINA CHEGA DO FUTURO: SINOFUTURISMO E O PÓS-HUMANO NA FILOSOFIA DE NICK LAND E YUK HUI" orientado pelo professor PhD Hilan Bensusan. A pesquisa se desdobrou também no número "Sinofuturismo no Antropoceno", no qual publica dois textos. Atualmente pesquisa nas áreas de antropologia da técnica, filosofia da tecnologia, aceleracionismos, pós e transhumanismos e cibercultura.
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